Vamos falar de Logun Edé?

Se na maioria dos mitos, Logunedé surge como filho de Oxum e Oxóssi, em outros, um pouco mais raros, aparece como filho de Ogun e Iansã. Há, ainda, histórias que contam a lenda de Logunedé como filho desses quatro Orixás, apresentando-o como nada mais, nada menos que uma representação dos Orixás Gêmeos, Ibeji.

Simultaneamente caçador e pescador, Logunedé é o herdeiro dos axés de Oxum e Oxóssi que se fundem e se mesclam como mistério da criação, trata-se de um orixá que tem a graça, a meiguice e a faceirice de Oxum à alegria, à expansão de Oxóssi.
Se Oxum confere a Logunedé axés sobre a sexualidade, a maternidade, a pesca e a prosperidade, Oxóssi lhe passa os axés da fartura, da caça, da habilidade, do conhecimento.

Essa característica de unir o feminino de Oxum ao masculino de Oxóssi, muitas vezes o leva a ser representado como uma criança, um menino pequeno ou adolescente, formando mais uma tríndade sagrada na História das religiões. Com Logunedé, completa-se o triângulo iorubá pai, mãe e filho que também se repete nas trilogias católica (Pai, Mãe e Espírito Santo), egípcia (Ísis, Osíris e Hórus), hindu e tantas outras.

Como símbolo da pureza, muitas vezes Logunedé também é visto como um ser andrógino. Ao contrário do que muitos pensam, Logun Ede não é de características masculina e feminina, não é bissexual. Na verdade possui uma grande relação com Òsun, sua mãe e com Erinlé, seu pai, trazendo consigo a personalidade desses dois Òrìsà e algumas características marcantes, mas nada que o transforme em um hermafrodita que durante seis meses é Oboró e seis meses Ìyábá como algumas pessoas assim o dizem e usam deste artifício para denotações homossexuais.

Existem templos para Logun Ede em Ilesa, seu lugar de origem, onde em alguns itans é citado como um corajoso e poderoso caçador, que tamanha coragem é relacionada a de um leopardo. Casado com três esposas. De culto diferenciado e totalmente ligado ao culto a Òsun, é um Orisa de extremo bom gosto. Seus objetos devem permanecem junto aos assentos de Osun e sempre quando agradado devemos agradar sua mãe. Tem predileção ao dourado, é um Orisa muito vaidoso, é considerado o mais elegante de todos os Orisas.

De Òsun, sua mãe, Logun Ede herdou o lado belo e vaidoso. Pois Òsun lança mão de seu dom sedutor para satisfazer a ambição de ser a mais rica e a mais reverenciada. Deusa da fertilidade, na Nigéria é dela o rio que leva o seu nome e no Brasil dela são as águas doces dos lagos, fontes e rios. Água que mata a sede dos humanos e da terra, que assim se torna fecunda e fornece os alimentos essenciais à vida. Òsun menina dengosa, passando pela mulher irresistível até a senhora protetora, Òsun é sempre dona de uma personalidade forte, que não aceita ser relegada a segundo plano, afirmando-se em todas circunstâncias da vida. Com seus atributos, ela dribla os obstáculos para satisfazer seus desejos.

De Erinlé, seu pai, Herdou o dom da caça pois Erinlé é da família dos Ode e seu símbolo é o ofá, a lança de caça e o ogue. Erinlé é a representação do desenvolvimento do homem, conhece os segredos da caça, também símbolo de prosperidade e formação de comunidades. Ele busca o alimento com coragem e é considerado o guerreiro das matas, é corajoso, viril e Logun-odé tem estas características, é um Òrìsà guerreiro. Mas se, em várias tradições, ele é considerado um orixá masculino, em algumas é confundido com a homossexualidade ou a bissexualidade, o que ocorre quando se interpreta ao pé da letra o mito que afirma viver Logunedé seis meses como homem e seis meses como mulher. Na verdade, a interpretação mais aceita seria que essa se trata de uma metáfora para falar dos axés herdados por ele de seus pais, Oxum e Oxóssi.

Após ser abandonado e viver com Ogum, aprende com ele as artes da guerra e da metalurgia. É coroado por Iansã como o príncipe dos Orixás. É amigo íntimo de Yewá, seriam eles os Orixás que se complementam, considerados o par perfeito.

Num mito raro, Logunedé se perde no caminho entre as casas de Oxum e Oxóssi, é encontrado pelo velho Omolu que o ampara e protege. Com Omolu, Logunedé aprende a arte da cura e a feitiçaria. O seu primeiro nome, Logun, no Brasil se mesclou ao segundo, Edé, nome da cidade iorubá na qual o seu culto se fortaleceu, formando Logunedé. Logun pode ser uma abreviatura de Ologun que, em iorubá, quer dizer feiticeiro.

Então, feiticeiro, caçador, pescador, príncipe guerreiro, esses são alguns títulos, alguns epítetos dados à Logunedé. Para Mãe Menininha do Gantois, "Logun é santo menino que velho respeita".


Links relacionados:
http://www.fietreca.org.br/ologunede.htm
http://www.pierreverger.org/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Logunede

Quem é Márcio de Logun Ede?

     Aos 15 anos de idade fui apresentado ao candomblé através de uma grande amiga, Ekedi Nazaré T'Iemoja, filha carnal da grande Yalorisa Mãe Marlene T'Osun, ainda muito criança e sem malicia dei meus primeiros passos em sua casa, descombrindo enfim quem era esse orixa que hoje amo... após alguns anos conheci meu Babalorisá Ney T'Obaluaye, aos 20 anos de idade estava em sua casa, seguindo seus ensinamentos e trabalhando muito para a construção do asè... Ser iniciado ao lado de Isabel foi um grande presente, sua amizade e seu amor por mim, me deram forças pra seguir. Minha Mãe Pequena, Belmira T'Osun, que pra mim foi e é uma grande mãe... e ao lado do meu Babalorisá Ney, eu segui por alguns anos.
     Então conheci Mãe Kita de Oya, a qual me "apaixonei" logo de cara, e tão encantado fiquei que resolvi mudar os meus rumos e me entreguei ao Efon.  Tomei minha obrigação de 7 anos com Mãe Kita, uma mulher inesquecivel, em todos os sentidos, foi quando resolvi conhecer o candomblé, pois até então eu queria conhecer apenas Logun Ede´, mas vi que a religião não se resumia só nisso, e  de Mae Kita, tive colo, aprendizagem, a admirei, como até hoje admiro, por suas convicções e amor ao Asé, tive uma Mãe! irmãos inesqueciveis como Andréia T'Osun, Ekedi Angelina, Eduardo de Ossumare... entre tantos outros...   
     Mas parece que meu Pai Logun Edé ainda me guardava surpresas... Apos minha saida da casa de Mãe Kita de Oya, fiquei um bom tempo só, procurando me encontrar.... reencontrei uma grande amiga, Tatyana T'Ayra, filha do inesquecivel Pai Robinho (in memorian), que me abraçou e me ajudou, me dando então minha obrigação de 14 anos. Tayana é uma grande amiga, aquelas que vc raramente acha, uma Yalorisa de grande saber e de muita determinação... sem duvida uma mulher admiravel!
     Então, um dia percebi o que realmente eu buscava: A MÃE!!!
Queria alguem que me desse o colo na hora necessaria, o carinho, o amor, a bronca, o aprendizado, e acima de tudo me demontrasse o  amor a nossa religião e ao meu orixa... então meu Pai Logun Edé me presenteou com essa mulher maravilhosa que se chama Yalorisá Sandra T'Osun,do asé Bamgbose,de quem eu hoje me orgulho de ser seu filho!
    Mãe Sandra... és sem duvida o que busquei pela minha vida inteira!!!
  

Asè.
 

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